Saiba mais sobre o hormônio que determina sua “vida ovariana”

Você sabia que as mulheres já nascem com todos os seus folículos ovarianos? A formação de folículos primordiais tem seu início na 16ª semana de vida intrauterina estendendo-se até a 20ª semana de vida, período no qual os ovários abrigam de seis a sete milhões de folículos!

Então, a cada novo dia de vida intrauterina, são consumidos 50 mil folículos, reduzindo esse número para um milhão a dois milhões no nascimento. No período entre o nascimento e a puberdade, são consumidos, por dia, entre 300 e 500 folículos. A mulher inicia sua vida reprodutiva com uma quantidade de 300 mil a 500 mil folículos.

Entender o que é um folículo ovariano é essencial para compreender um pouco mais sobre o Hormônio Anti-Mulleriano (HAM). Então, primeiro, vamos aprender um pouco sobre como ocorre o desenvolvimento do óvulo no nosso corpo.

Folículos ovarianos são caracterizados como locais nos quais os óvulos se desenvolvem e amadurecem. De maneira simples, é como se fossem “casas” compostas de células que abrigam os óvulos desde seu estágio mais inicial até a ovulação, momento no qual o óvulo maduro é liberado e captado por estruturas das tubas uterinas que ficam acima dos ovários, e é transportado para o útero.

Os folículos apresentam vários estágios de desenvolvimento que são condicionados por fatores hormonais e mudanças no formato das células. Eles indicam, de forma indireta, a quantidade de óvulos que a mulher possui. Confira as fases de desenvolvimento dos folículos:

  • Folículos primordiais
  • Folículos primários
  • Folículos secundários
  • Folículos pré-antrais
  • Folículos antrais

 

Mas como é possível medir a reserva de folículos?

 

O Hormônio Anti-Mülleriano

O hormônio anti-mülleriano (HAM) é um marcador de reserva ovariana, ou seja, a partir da quantidade de HAM, conseguimos estimar indiretamente quantos óvulos você ainda tem em seu ovário.

Ele pode detectar respostas inadequadas aos tratamentos de reprodução assistida, permitindo que o médico responsável possa alterar sua estratégia terapêutica. Além disso, pode apresentar níveis alterados em pacientes com síndrome do ovário policístico e obesidade.

Outros marcadores que podem ser utilizados para estimar a reserva ovariana são:

  • Contagem dos folículos antrais
  • Hormônio folículo estimulante no 3 dia do ciclo (FSH)
  • Ultrassonografia para cálculo de volume ovariano

 

Produção e função do Hormônio Anti-Mülleriano

O hormônio anti-mülleriano é produzido nas células da granulosa em folículos pré antrais e antrais pequenos, especialmente os folículos que apresentam 4 mm de diâmetro.

Ele desempenha funções regulatórias sobre a foliculogênese, que compreende todo o desenvolvimento de um folículo, desde o estágio inicial (folículo primordial) até o estágio maduro (pré-ovulatório).

Para isso, o HAM interage com outros hormônios como o hormônio folículo-estimulante (FSH) e estradiol (E2). Quando bem reguladas, essas interações configuram uma maturação de óvulos, ovulação e ciclo menstrual adequados.

 

Concentração do Hormônio Anti-Mülleriano no sangue

A concentração sérica do hormônio anti-mülleriano reflete o número de folículos presentes nos ovários. Esses níveis séricos são menores nas mulheres do que nos homens.

Os níveis de HAM não sofrem alterações significativas durante o ciclo menstrual o que faz deste um marcador preciso para estimar a reserva ovariana, possibilitando a coleta de amostra de sangue em qualquer dia do ciclo menstrual.

Níveis séricos de HAM são praticamente indetectáveis no nascimento, apresentam leve aumento entre dois a quatro anos de idade, tornam-se estáveis na vida adulta e indetectáveis na menopausa.

 

Síndrome do Ovário Policístico e Hormônio Anti-Mülleriano

Sim, é possível utilizar o HAM para diagnóstico de algumas doenças.

Conheça também o anti-mulleriano e nosso post sobre Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP).

As mulheres com SOP apresentam níveis de HAM duas a três vezes maiores do que as mulheres saudáveis devido ao excesso de folículos e aumento da secreção desse hormônio pelas células da granulosa.

Em média, os níveis de hormônio anti-mülleriano produzidos pelas células da granulosa de mulheres com SOP são 75 vezes maiores do que em células da granulosa de mulheres saudáveis.

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) afeta entre 5% a 10% das mulheres em idade reprodutiva e tem como principais sintomas a não ovulação e a infertilidade. É caracterizada por um número excessivo de folículos em crescimento (2-5mm de diâmetro), duas a três vezes maior quando comparado a ovários normais.

 

Hormônio Anti-Mülleriano e Obesidade

Os níveis séricos do hormônio anti-mülleriano estão diminuídos em mulheres obesas quando comparados aos níveis observados em mulheres com peso normal, na mesma faixa etária, apesar da semelhança na contagem de folículos ovarianos.

Esses níveis podem ser menores por razões associadas à obesidade e suas consequências, e não necessariamente apresentam relação com a diminuição da reserva ovariana.

 

Reprodução Assistida e Hormônio Anti-Mülleriano

A chance de gravidez após a fertilização in vitro (FIV), diminui com a idade devido à redução da reserva ovariana (folículos).

Ao quantificar os níveis de hormônio anti-mülleriano no sangue, o médico consegue estimar a quantidade e a qualidade dos folículos restantes nos ovários.

A partir dessa informação, é possível selecionar a melhor estratégia de tratamento para que a aspiração de óvulos e a transferência de embriões sejam mais eficientes, aumentando a taxa de gravidez, dentro das possibilidades fisiológicas da paciente.

Algumas pacientes podem desenvolver a síndrome da hiperestimulação ovariana, resposta exagerada à terapia com medicamentos indutores de ovulação, em tratamentos de reprodução assistida.

Ela resulta no aumento dos níveis de HAM e pode também ocasionar complicações, apesar de ser autolimitada.

A prevenção desse hiperestímulo é realizada a partir da individualização da dose mínima de gonadotrofinas (medicamentos de hormônios) necessárias para alcançar o estímulo ovariano terapêutico.

Essa individualização é baseada nos níveis de hormônio anti-mülleriano, contagem de folículos antrais e na idade da paciente.

Portanto,

O Hormônio Anti-Mülleriano é um ótimo marcador da reserva ovariana. Através de seus níveis no sangue, é possível determinar indiretamente qual a quantidade de óvulos que a mulher possui em seus ovários e pode ajudar na previsão da idade da menopausa.

Ele está relacionado a outros hormônios e seus níveis séricos são alterados em doenças como síndrome do ovário policístico, síndrome de hiperestimulação ovariana, obesidade e em tratamentos de reprodução assistida.

O método para quantificar o HAM é o exame de sangue, disponível em vários laboratórios.

As pacientes que desejam congelar seus óvulos para futuras fertilizações in vitro devem realizar esse exame antes de iniciar o tratamento de reprodução assistida, para que este seja individualizado e mais eficiente, diminuindo os riscos de síndrome da hiperestimulação ovariana, entendendo melhor sua fisiologia e possibilitando melhores taxas de gravidez.

E você? Já realizou seu exame para quantificar o hormônio anti-mülleriano?



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