E se ao invés de um, vierem dois? Entenda a gestação múltipla na Fertilização In Vitro

Muitas pacientes inférteis nos procuram para o tratamento de fertilização in vitro na expectativa de conseguirem engravidar. Muitas vezes, o sonho vira realidade, aparecem os dois tracinhos no exame de farmácia que são confirmados com o beta-hCG positivo. As tentantes fazem seu planejamento familiar contando com mais um serzinho para compartilhar a casa, planejam o quarto rosa ou azul e pensam em um nome bem bonito.

 

Mas e se ao invés de um, vierem dois, ou até três?

A gravidez múltipla, que pode originar gêmeos, é mais incidente em mulheres que realizaram a fertilização in vitro para engravidar do que em mulheres que engravidaram por concepção natural.

Para a concepção natural, as chances de uma gestação múltipla são de 1-5% e estão relacionadas a fatores genéticos, étnicos e à idade da mãe. Já através de FIV, as taxas de para gravidez múltipla no centro de reprodução Baby Center Medicina Reprodutiva estão em torno de 32%, sendo que a maioria dos casos é resultante de gêmeos.

 

Mas por que a diferença é tão grande?

Para que o tratamento de FIV tenha mais chances de ter sucesso, podemos transferir mais de um embrião. O número de embriões a serem transferidos depende de fatores como:

Idade Materna

Espessura do endométrio

Legislação vigente (Conselho Federal de Medicina)

Quantidade e qualidade dos gametas e embriões

Processo de congelamento adequado (se for o caso)

Histórico de doenças que interferem na fertilidade

Decisão em conjunto: médico e casal em tratamento

 

A Resolução n°2168/2017, atualizada pelo Conselho Federal de Medicina no ano passado (2017) determina que até 35 anos, podem ser transferidos no máximo dois embriões; entre 36 e 39 anos, até três embriões; 40 anos ou mais, o limite é de quatro embriões.

O objetivo é evitar gravidez múltipla, de acordo com a fertilidade em cada faixa etária. Já é muito bem estabelecido que quanto maior a idade da mulher, menor sua fertilidade e mais embriões devem ser transferidos para que as chances de sucesso sejam maiores.

Um exemplo recente é a gravidez da cantora Ivete Sangalo. Aos 45 anos, Ivete fez fertilização in vitro para engravidar e transferiu quatro embriões para aumentar as chances de sucesso. O resultado foi o nascimento das gêmeas Marina e Helena.

A prioridade médica é sempre transferir o menor número de embriões possível já que a gestação múltipla, além de alterar o planejamento familiar, pode trazer algumas complicações médicas durante a gestação como pressão alta (pré-eclâmpsia), diabetes gestacional, parto prematuro, baixo peso ao nascimento e complicações neonatais.

Para mulheres que desejam ter filho mais tarde, uma estratégia interessante para reduzir a necessidade de implantar mais de um embrião é congelar os óvulos antes dos 35 anos, quando eles ainda têm boa qualidade e podem originar embriões mais viáveis. Assim, é possível reduzir o número de embriões transferidos e minimizar os riscos de gravidez múltipla.

Com os avanços das técnicas de reprodução assistida e dos medicamentos utilizados, o principal objetivo futuro para a fertilização in vitro é proporcionar um ambiente com embriões viáveis, fatores controlados e adequados para a gravidez no qual só será necessário transferir um embrião para ter as mesmas chances de sucesso.

Portanto, se você está se preparando para sua fertilização in vitro, há sim mais chances de ter não só um, como dois bebês. Isso depende da sua decisão final, juntamente com o seu médico, de qual é o número adequado de embriões a serem transferidos levando em conta a sua história. A casa cheia é sinônimo de amor. Mas lembre-se que você tem 70% de chances de ter somente um bebê, então não fique preocupada se o seu planejamento é só para mais um integrante na família. Boa sorte, boa FIV e que o final seja hCG +. Até a próxima.



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